segunda-feira, 18 de abril de 2016

Manifestantes comemoram abertura de impeachment

O clima de torcida de futebol que se intensificou na política brasileira nos últimos meses chegou ao seu ápice na noite de hoje (17) na Esplanada dos Ministérios. Após o resultado da votação na Câmara dos Deputados, que aprovou a abertura de processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, uma multidão – a maioria vestida de amarelo – explodiu em comemoração.
Eles gritaram, cantaram o Hino Nacional e inflaram um grande boneco do “Pixuleto”, ato que a Secretaria de Segurança do Distrito Federal havia proibido por considerar que seria um ato de provocação aos manifestantes contrários ao impeachment.
“É difícil mensurar o quão importante é esse momento. Cada cidadão presente, se manifestando em prol de um país melhor é um herói nacional”, disse o estudante Raphael Kita, um dos coordenadores do Vem Pra Rua, movimento que organizou o ato pró-impeachment na Esplanada. “A gente não aceita a forma como o governo lida com a situação do país hoje. A gente vai se manter vigilante sempre. Não adianta eleger alguém e não saber o que ele está fazendo. Temos sempre que saber o que ele está fazendo, independente de partido, senão o voto é jogado fora”.

Pelo telão
Por volta das 23h, quando o voto “sim” do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) contabilizou os 342 suficientes para abrir o processo de impeachment, a Esplanada recebia cerca de 50 mil manifestantes a favor do impedimento, segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Divididos por um muro e observados por 5 mil policiais que fazem a segurança da área, os manifestantes contra e a favor do impeachment acompanharam por telões colocados dos dois lados.
Do lado pró-impeachment, muita vibração a cada “sim” proferido pelos deputados no plenário. A cada voto “não”, vaias eram ouvidas. Durante a votação, a multidão estava concentrada, olhando atentamente aos telões.
Saiba Mais
Se a posição da maioria dos Deputados se repetir no Senado, significará o segundo impeachment de um presidente do Brasil. Agora, o processo será encaminhado ao Senado, para apreciação naquela Casa. Os senadores já começaram as articulações em prol da aceitação ou não do processo de afastamento de Dilma Rousseff.
O servidor público Paulo Tanner, 28, participou de todos os grandes atos pelo impeachment. Para ele, as pessoas estão mais conscientes do seu papel na sociedade e das responsabilidades dos governantes. “Acho que o povo finalmente tomou consciência e está indo às ruas contra esse estado de coisas que a esquerda nos colocou. Acho que a luta vai continuar por muitos anos, tirar o PT é só o primeiro passo. A gente precisa de todo um movimento de renovação”.
Para Tanner, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que chegou a sofrer manifestações de rejeição do grupo pró-impeachment durante a sessão, sofrerá as sanções necessárias sem necessidade de manifestações semelhantes. “Se o Cunha tem problema na Justiça, ele vai ser investigado. Acho que a saída do Cunha vai se dar de outro modo, por outros motivos, acho que não precisaremos ir às ruas. Se ele estiver devendo, ele vai sair”.
Lamentos
Como também é típico de decisões esportivas, enquanto um lado comemora, outro lamenta. Dividida em dois, a Esplanada testemunhou também a frustração dos defensores do mandato de Dilma.
Os apoiadores do governo Dilma Rousseff, que chegou a juntar 26 mil pessoas, segundo a PMDF, se dispersava à medida que o tempo passava. Alguns foram embora antes mesmo do resultado final da votação na Câmara. Um núcleo fiel, no entanto, acompanhou até o final a votação que, segundo eles, se configura um “golpe”.
De acordo com determinação da PMDF, o lado considerado “derrotado” terá que deixar a Esplanada antes, para evitar confronto com grupos contrários.
Rio de Janeiro
O resultado da votação aprovando hoje (17) à noite o impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados foi comemorado como vitória de final de Copa do Mundo na orla de copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.
Saiba Mais
Cada voto a favor era aclamado como gol pelos manifestantes pró-impeachment. O voto 342, que garantiu o prosseguimento do processo, foi festejado de pé com bandeiras, palavras de ordem contra o PT, seguido do Hino Nacional.
A votação foi assistida por centenas de pessoas, que começaram a se concentrar desde 14h ao redor de três telões instalados ao longo da Avenida Atlântica.
Os parlamentares que votavam não eram vaiados e seus argumentos abafados pelos gritos de fora PT.
A dona de casa Margareth Vieira, 63 anos, chegou cedo e trouxe uma cadeira de praia como vários outros para aguentar a longa jornada. “Valeu a pena esperar. Foi emocionante. Agora, temos de seguir na luta para acabar com a corrupção no país.”
O professor de ginástica Rômulo Duarte, 34 anos, avaliou o dia como histórico. “Acho que o povo está mais consciente, mais atento às questões políticas. De agora em diante, os corruptos vão cair um a um”, acrescentou.
Faltando pouco mais de 20 votos para encerrar a sessão, a multidão começou a dispersar sem incidentes. Um grupo ainda permanece na praia comemorando. O policiamento foi ostensivo em toda a orla, com centenas de policiais militares, dezenas de viaturas e batalhões envolvidos.
agencia brasil

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